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Temos que ser pragmáticos,

fazendo o que temos que fazer agora

Dagoberto Lima Godoy

 

Existe muito no meio empresarial uma certa tendência, ao participar da vida política e nas ocasiões eleitorais, de, pragmaticamente, pensar em todas as possibilidades. E um pensamento que possa existir por aí é de que: "Olha, empresário não pode, até fica mal para empresa dele, ele se expor. Porque, vamos que dê o outro lado, como é que eu fico? Eu tenho que ficar bem com todos.” O que eu tenho afirmado é que isto é uma falácia.

Empresário jamais ficará bem com uma corrente política que nega a essência empresarial. Que vê no empresário um inimigo da sociedade. Que caminha ainda nas velhas ideias da socialização, da comunização. Que proscreve o capital, que coloca tudo sempre em termos de conflito capital versus trabalho.

Isso é uma ilusão. É justamente ao contrário, mesmo para esses que querem ser pragmáticos até o último caminho. Nós temos que ser pragmáticos, fazendo o que temos que fazer agora, para impedir que o nosso Brasil fique de costas para o mundo. Porque é isso que está sendo reafirmado todo o dia, nas propostas do candidato da oposição.

Precisamos entrar nessa luta porque está em jogo o nosso destino.

E essa luta não é só a gente conversar entre nós, trocarmos mensagens pelas redes e depois irmos para casa tranquilos. Não é isso, não. Precisamos é de uma mobilização para a ação.

Muitos de vocês têm filiação político-partidária, isso tem que continuar. Mas, o que quero saber é o que nós, na nossa condição de líderes empresariais, o que podemos fazer? Coisa objetiva. Clara, honesta, sincera, transparente.

Eu digo que não temos que fazer nada mais do que praticar, no âmbito das nossas empresas, um dos novos paradigmas da atividade empresarial, que é o da empresa verdadeiramente moderna, que tem administração participativa, que sabe dialogar com seus trabalhadores, com seus empregados. Que discute com eles os problemas da aventura comum que essa empresa é, que interessa, sim, para o dono da empresa, para o administrador da empresa, para o sócio, para o acionista; mas que interessa também para o empregado.

É isso que tem que se fazer. Chamar os seus colaboradores, os seus empregados, os seus funcionários e discutir com eles a situação, nestes termos:

Nós temos dois caminhos: um caminho que terá dificuldades, terá problemas, masque tem esperança, tem rumo - nós vamos lutar juntos, temos fé nesse caminho. O outro caminho deixa a nossa empresa em sérias dificuldades; tudo poderá acontecer, inclusive o fracasso da empresa. Tem que dizer isto.

Não se trata de dizer, como alguns companheiros sugerem: “Se o outro candidato ganhar, nós vamos ter que demitir”. Por favor, não digam isso. Isso seria desrespeitar a inteligência das pessoas e até provocar os seus brios. Não se trata disso. Trata-se de discutir o destino comum com sinceridade, com honestidade, com respeito às pessoas.

E, quem não acreditar nisso, não faça.

___________

Degravação, publicada no site da Folha de São Paulo, em 27/06/99, de pronunciamento feito quando presidente da FIERGS. em reunião de empresários, às vésperas do segundo do turno das eleições de 1998,

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